Pirilampos: turismo mundial

Em março foi publicado um artigo que refere locais que atraem um público atraído pela luz dos pirilampos, inclusive em Portugal.


A autoria do texto publicado na revista "Conservation Science and Practice” é partilhada por diversos cientistas, nomeadamente Sara M. Lewis, Raphael De Cock, Lynn Faust, entre outros, com nacionalidades tão diferentes como o Canadá e a Malásia, os EUA e a Bélgica, a Suíça e a Tailândia, o México e o Reino Unido, Hong Kong, Taiwan e Singapura.
O Parque Biológico de Gaia foi contemplado no conteúdo do artigo, no que toca a Portugal, ou não fossem as conhecidas Noites dos Pirilampos, em 2020 suspensas pela pandemia, um fenómeno de popularidade da Região e, ao que se vê, mundial.
Seja como seja, a verdade é que os pirilampos estão entre os animais mais carismáticos da Terra, evidenciando rituais de acasalamento luminosos que cativam a atenção do ser humano num formato de turismo de natureza.
Neste artigo científico estima-se que cerca de um milhão de pessoas se deslocam ano a ano para observarem o espetáculo bioluminescente que é esperado em mais de uma dúzia de diferentes locais em todo o Mundo.
Os autores do trabalho dizem que esta parcela de turismo traz consigo benefícios de ordem económica, social e psicológica às comunidades locais e aos turistas envolvidos nesta atividade. Porém, sem o cuidado necessário de preservação destes sítios, as fontes de atração turística, que se desejam sustentáveis, podem vir a desaparecer com a extinção local das espécies de pirilampo que lhes estão associadas.
Em anos recentes os cientistas verificaram que estas iniciativas aumentaram em países como o México, a Índia, a Malásia, a Tailândia ou os Estados Unidos. Uma das autoras, Tania López-Palaf, disse que “no México o rápido crescimento do turismo de pirilampos impressiona, mas também se tornou alarmante. Ficamos contentes por podermos contemplar uma das grandes maravilhas mundiais. Mas também desejamos garantir que as futuras gerações possam vir a apreciar este espetáculo natural.”
Trabalhando como parte da União Internacional para a Conservação da Natureza, no departamento do Grupo Especializado em Pirilampos, os autores proporcionam assim informações que permitem reavaliar este fenómeno tão popular.
Contudo, quer os gestores locais, os guias turísticos ou os próprios turistas têm de apreender as linhas-mestras da conservação da natureza neste setor, cuidando de garantir as condições de sobrevivência ao longo de todo o ciclo de vida destes insetos. Só assim poderão continuar a reproduzir-se e a brilhar nos anos vindouros. Nesses locais atrativos deve ser bem controlada a poluição luminosa, de que são exemplo as luzes fortes dos prédios, as do trânsito rodoviário e, entre outras, até a frequência da luz dos telemóveis, que pode perturbar no sítio os rituais de acasalamento dos pirilampos. Assim, há medidas protetoras que devem ser estabelecidas na proximidade destes locais, pois desempenham um importante papel na sustentabilidade.
Este tipo de turismo tem de ser especialmente bem gerido e deve educar os próprios turistas para que estes se tornem também aliados no esforço de proteção desta parcela de biodiversidade. “As pessoas envolvidas nestas iniciativas por vezes não se apercebem que há um comportamento certo para que não se prejudique a eclosão de uma próxima geração de pirilampos”, afirma a co-autora Lynn Faust.
Os pirilampos podem também ser uma porta de acesso ao entendimento da conservação de outros insetos, e não apenas dos pirilampos, como elementos essenciais ao bom funcionamento dos ecossistemas de que a humanidade depende.
Com orientação adequada para o necessário turismo sustentável, os autores do artigo dizem estar otimistas, sublinhando que estas iniciativas promovem o bem-estar económico e social das comunidades locais e podem ajudar à conservação dos pirilampos para as gerações futuras. Wan F. A. Jusoh, co-autora, diz que as “comunidades locais são as guardiãs dos pirilampos e as suas histórias e o conhecimento local transportam consigo a capacidade de ajudarem a protegê-los”.

O artigo “Conservation Science and Practice Firefly Tourism: Advancing a Global Phenomenon Toward a Brighter Future” pode ser descarregado da internet.

 

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