Vale S. Paio

Se, por regra, um parque cria paisagens interiorizadas que descontinuam a formalidade rígida do edificado na malha urbana, explorando o contraste entre a geometria dura e precisa das construções e a irregularidade orgânica que persegue o imaginário do belo-natural, no caso da I fase do Parque de S. Paio a singularidade cénica do local, plasmada na foz do Douro

Se, por regra, um parque cria paisagens interiorizadas que descontinuam a formalidade rígida do edificado na malha urbana, explorando o contraste entre a geometria dura e precisa das construções e a irregularidade orgânica que persegue o imaginário do belo-natural, no caso da I fase do Parque de S. Paio a singularidade cénica do local, plasmada na foz do Douro, impôs-se e, em vez de se interiorizar o espaço deste primeiro troço do vale, procedeu-se a uma modelação que eleva o plano do antigo campo agrícola para formar uma colina de relevo ondulado suave espraiada em forma de anfiteatro aberto ao campo panorâmico da Foz.
O projeto paisagístico reconhece e respeita a prevalência deste campo panorâmico e enfatiza-o criando no parque uma dominância de pontos de vista privilegiados que são tratados quase como mirantes.
Como se pode observar, o vale foi alteado no arco de fundo ficando compartimentado em duas unidades, uma exposta ao estuário com vistas alçadas e dominantes em pontos de chamada assinalados com pedras megalíticas que se insinuam como mirantes outra unidade, a jusante, ficará interiorizada e faz parte da II fase da obra.
Nesta I fase, o parque afirma-se por um despojamento minimalista que procura fazer parte de uma composição cénica pré-existente e dirige e entrega a atenção da presença à contemplação da foz do Douro emoldurada pela silhueta do casario na margem direita. A plasticidade da modelação do parque completa-se na captura desse cenário pré-existente.
A obra conferiu ao lugar uma expressão naturalista, acrescida e solta, ao deixar de estar associada ao formalismo funcional do uso agrícola para ser restituída ao imaginário de uma espacialidade livre e reservada à estética da paisagem.
Ao longo do percurso marginal, entre o parque e a reserva estuarina sente-se a unidade exposta do amplo campo panorâmico que agrega em harmonia o que se preserva como selvagem e o que é obra de arquitetura posta em arte.
O campo agrícola na sua planura baixa e monótona dava uma vista descaída sem o realce que discretamente foi conseguido com a modelação do terreno. A orografia artealizada do sítio passa a ser atraente para quem o vê à distância, de fora e, para quem está no seu interior, tem uma vista melhorada do campo panorâmico exterior ao parque. O propósito de anular a memória de como o sítio era dantes é conseguido na medida em que o que há de essencial nesse antes, está absolutamente salvaguardado e valorizado na paisagem que se apresenta agora. A prova disso é vontade, espontânea, de se querer e crer, que não houve o antes e o depois e que a obra arquitectada corresponde à sua razão de ser.
Com a realização deste parque a Camara Municipal de Gaia responde aos novos e prementes desafios de reordenamento do território e qualificação arquitectónica da paisagem.

 

 

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